sexta-feira, 20 de abril de 2012

Comida dos Orixás



A comida dos Orixás trazida para o Brasil, teve uma interligação com os portugueses, porque os africanos não tinham condição de oferecer certos quitutes que hoje em dia a culinária dos Orixás tem. Então, houve readaptações da comida portuguesa que através de preceitos e atos religiosos e essências, isso também passou a fazer parte da mesa do Orixá. A vinda dos africanos com a vinda da culinária dos deuses está relacionada aos portugueses também. Hoje em dia, a nossa culinária tem muita influência com a culinária portuguesa, o que vai diferenciar, o que vai dar o sagrado é a energia, é a reza, é a influência da nossa palavra.

Para se dar à comida ao Orixá e ele aceitar é preciso ter certos preparos, como por exemplo, o Omolucum de Oxum. Não podemos simplesmente abrir o saquinho do feijão e despejar diretamente na água para cozinhar, é preciso ter um preparo para isso. Tem que selecionar tem que haver o ato de catar grão por grão, separar o sujo do limpo. Aí começa uma preparação, uma relação com o Orixá. Já começa o preceito, o ritual. 

E aí aqueles grãos vão ficar de molho, pois é importante este ritual porque vai se preparando a energia já do pré-cozido que vai se tornar esse feijão. Não é besteira. Não pode se fazer de qualquer jeito. Aí sim, depois do molho, levar ao fogo para cozinhar bem, pois da mesma forma que gostamos de comida gostosa, com essência, com todos os temperos, para o Orixá tem que ser da mesma forma, pois vamos oferecer aos nossos deuses é preciso a preparação, o cuidado, pois existem vários tipos de azeite, vários tipos de tempero que também vai dar o certificado da comida.

É preciso então toda essa liturgia para que o Orixá possa receber a comida bem energizada. Aí sim, depois de tudo pronto, vem o ato de encantar, isso é muito importante, o ato de cantar, de orar, de falar, o ato da energização da comida do Orixá. As casas de santo estão relacionadas a essa coisa da comida, da mesa. A mesa é muito importante. Todas as reuniões, todas as relações da nossa vida estão relacionadas a uma mesa; é na mesa que se assina um contrato, é na mesa que se vai comer, é na mesa que se faz uma reunião e não podia deixar de acontecer da mesma forma com os Orixás. 

A mesa dos Orixás, ou seja, a comida, ninguém vive sem comer. Então, Orixá também precisa da comida, isso não quer dizer que o Orixá vai virar e vai mastigar, ou deixar a sua marca ali na comida, mas ele vai fazer a áurea desse alimento, a pureza, o tempero, o cheiro, ele vai exalar e ali sim está a relação dos seus pedidos com tudo o que está preparado, ou seja, o Orixá vai apurar essa energia que é emitida pelo alimento. 

É o intermediário, ou seja, o ato da áurea, do tempero, do cheiro, ele vai saber se aquilo que está sendo oferecido está certo ou errado, porque se você prepara uma comida que não é daquele orixá ou que é uma comida que está errada, na verdade o Orixá não vai comer, mas também aquilo não vai ser jogado fora, mas ele vai ser entregue a uma outra energia que poderá ser a energia de Exú, pois ele come de tudo.

Se em meio a todo esse procedimento o Orixá identifica alguma coisa errada, aquela comida ele vai recusar e vai virar contra axé. Virando contra-axé, alguém vai comer, quem vai comer poderá ser Exú, poderá ser egum, porque nada é jogado fora e aí os seus pedidos poderão se voltar contra você mesma de uma maneira até agressiva. Por isso é necessário que se conduza certos preparos, certos alimentos corretamente para que possamos obter tudo aquilo que desejamos.

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